segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

E NOSSAS CRIANÇAS?

Ele tinha o hábito de ir ao mercado e comprar pão todos os dias ao cair da tarde. Era uma criança esperta e muito querida por todos que a conheciam. Felipe, tinha apenas seis anos e gostava muito de ir à padaria, que não ficava muito longe de sua casa. Seus pais ensinavam ao garoto, apesar de tenra idade, bons modos, pois zelavam pela ética e, não queria que o filho se comportasse de maneira que os envergonhassem.

Ele vai cuidadosamente pela calçada, como o pai o recomendara, era um garoto de grande vivacidade. Depois de andar por alguns minutos chega ao seu destino, se aproxima do balcão e espera a vez de ser atendido. Olhava com curiosidade o rapaz atender a uma senhora que estava ao seu lado. Logo depois o moço o chama pelo nome e pergunta a quantidade de pão que ele queria. Ele olha para o moço e diz com ingenuidade:

_ Moço! O tanto que você me der eu aceito.
_ Sim... Felipe. Vou mandar o tanto que você leva todo dia. Tudo bem?
_ Tá sim. Obrigado – fala o garoto com um lindo sorriso, e depois acrescenta – Vou pagar a moça, viu?

Felipe se aproxima do caixa e olha para cima na tentativa de ver a moça. Com muito esforço consegui colocar o dinheiro para a jovem pegar. A moça ri para ele e pede para aguardar que logo lhe entregaria o troco. Ele esperou um pouco enquanto a jovem pega o dinheiro e dobra direitinho e coloca naquela linda mãozinha. Ele sai feliz da vida por executar a sua tarefa de todos os dias.

O pai de Felipe o aguardava na calçada de casa. De lá ele acompanhava os passos do filho. Por isso, não tinha receio de fazer esse exercício diário com o garoto. Felipe retorna sorridente e entrega a sacola de pão e o dinheiro. Eles entram e Felipe diz para o pai.

_ Meu pai... Por que entreguei para a moça da padaria um dinheiro e ela me devolveu um monte? – Felipe estava começando a entender o que é dinheiro; era um garoto atento a tudo que ocorre ao seu redor.
_ Não filho. É assim mesmo, é por causa do valor do dinheiro. Você é muito pequeno para entender esse assunto ainda. Diz o pai tirando do bolso o troco que o filho lhe entregara.

Para sua surpresa ao conferir o dinheiro pode verificar que o troco que a moça dera estava errado, tinha muito mais do que deveria. Ele olha para o filho e diz:

_ Meu filho, a moça da padaria lhe deu dinheiro mais do que deveria. O troco tá errado, temos que devolver! – o pai de Felipe era um homem que não tolerava nenhum tipo de desonestidade.

_ Pai... Por que não podemos ficar com o dinheiro? Assim podemos comprar um monte de coisas. – diz o garotinho na mais pura inocência.

O pai, pega o filho no colo e o beija. Em seguida fala de maneira amorosa.

_ Meu filho querido... Vou explicar para você o porquê de não podermos ficar com o dinheiro. O dinheiro que você levou para a padaria para comprar os pães é dinheiro que recebi por ter trabalhado. Pois é filho... O seu pai não sai de casa todos os dias para trabalhar? Então... Faço isso para trazer dinheiro para comprar as coisas para você, eu e sua mãe. Entendeu? – enquanto o pai falava, ele o observava atentamente.
_ Sim papai... Eu entendi. Mas ontem eu vi na televisão um homem colocando dinheiro na meia. E o moço da televisão falou que aquele dinheiro não era dele! Então também podemos fazer o mesmo.
(É um mine conto para refletirmos um pouco).


Eu não sei se Arruda e sua corriola têm filhos pequenos. Certamente um deles haverá de os ter. Fico a pensar o que será dessas crianças quando retornarem para a escola. Vão ser humilhadas e certamente jamais esquecerão tamanha vergonha. Tomara que a população de Brasília se posicione e elimine esses elementos da vida pública de uma vez por todas.



2 comentários:

  1. Lindo conto. Sim, é do exemplo dos pais e de um país ou uma nação que se constrói um homem!!!!Parabéns Gilson. Já virei "freguesa", rsrs, do seu blog. E outra coisa sou fã das idéias do Rubem Alves, já li tanta coisa dele.Beijão.

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  2. Fico feliz que tenha gostado. Obrigado! É verdade precisamos continuar a luta com a perspectiva de que podemos contribuir para a construção de um mundo melhor. Eu que o diga o seu blog é muito bom, dou uma espiada todos os dias. Ah! Rubem Alves é magnífico. Beijos.

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